terça-feira, 20 de setembro de 2022

A ARTE DA BRUXARIA ERODIANA

A Bruxaria Erodiana é um caminho de bruxaria que tem Heródias, ou Aradia, como representação da luz rebelde da feitiçaria. Seja ela a Lâmia, a Coga, a Surbile, Circe, Medéia, Hécate, Diana, Lilith, ou tantas outras deusas de mundos anteriores, a bruxaria Erodiana vê nessas representações não só a diversidade do pensamento mágico e rebelde feminino, mas também o reconhecimento da existência das muitas escolas de bruxas.

Nossas práticas e crenças, casam com aquilo que foi denominado “Bruxaria Tradicional”. Grande parte do caminho é baseado no estudo dos escritos do mago e folclorista inglês Charles Leland, que em 1899 escreveu o Evangelho das Bruxas, contando as práticas e ritos de bruxas urbanas da Itália, porém diversos outros autores servem com igual importância a visão que buscamos manifestar, como Robert Cochrane, Andrew Chumbley, Spare, Peter Gray, entre outros. 

Apesar da Arte Erodiana ser baseada num escrito de origem italiana, ela não se limita ou restringe a região em que foi criada. Aradia é símbolo da liberdade e seus ensinamentos demonstram um pensamento anarquista que pode ser aplicado de diversas formas em qualquer lugar. Nosso foco jaz na busca da alteridade, isso é, o reconhecimento de que existem pessoas e culturas singulares e subjetivas que pensam, agem e entendem o mundo a sua própria maneira. Reconhecer a alteridade é o primeiro passo para a formação de uma sociedade justa, equilibrada, democrática e tolerante, onde todas e todos possam expressar-se, desde que respeitem também a alteridade alheia. 

Esse não é um caminho reconstrucionista, já que não buscamos reproduzir ritos de tempos que já passaram. Não vemos a necessidade de rituais para colheitas em um mundo onde poucos tem terras para tal feito. Nossa sociedade é urbana, trabalha por ofício, não acredita em sacerdotes e é dedicada a preservar e renovar o pensamento mágico de nosso legado.

Qualquer pessoa pode praticar a Arte da Bruxaria, independente de suas crenças religiosas, morais, políticas ou éticas, porém a Arte Erodiana sempre escolhe agir como um poder de equilíbrio onde quer que ela esteja, usando sua Arte e suas práticas espirituais rebeldes para ganhar poder e influenciar o seu mundo.

O caminho é assim denominado para se distinguir daquela visão moderna wiccana popular, que deturpou o sentido original dos escritos, muitas vezes removendo do contexto original ou aproximado para arenas de pensamento com as quais não tinham relação direta ou indireta.

Entre as práticas que unem o leque da feitiçaria Erodiana estão: a prática de necromancia, o voo noturno, o desenvolvimento da mente e do poder de influência, os ritos de mistério e a transmissão mágica textual. Estes não foram uma ordem a ser seguida, mas características comuns que são despertadas ao longo do curso de trabalho com Mama Ombrella e Erodia.


Michael Nefer