No começo havia somente o Um,
uma face singular e hedionda
que ousou se manifestar contra o Abismo
e proclamou: 'EU SOU'.
Mas o Abismo - sendo a própria Monada -
não desejava abrigar esta entidade,
porque, a despeito de sua aparência medonha,
a qualidade de sua luz era restrita.
Como resultado da rejeição do Abismo pelo Um,
seu reflexo ganhou vida,
e foi nomeado 'O Mundo'.
Este reflexo assumiu a forma de um grande Espelho,
e se tornou o oposto do Um,
contendo todo tipo de maravilhas.
Refletindo a emancipação do comum,
ele gerou essas transgressões chamadas
de 'beleza' e 'feiura'.
É dito que se alguém olhar neste Espelho,
irá conhecer todas as coisas.
Entre os tesouros do Espelho de Todas as Coisas,
o maior de todos eles era o Espírito,
que, através da Luz e do Desejo,
permeou a Totalidade.
Por estranhos meios o Espelho estava
repleto de um fogo
capaz de animar todas as coisas,
e tudo o que ele continha,
se tornava real.
O Abismo, ao colocar os olhos sobre o
Espelho de Todas as Coisas,
imediatamente se apaixonou pela
infinitude de suas maravilhas,
pois o que antes era Desconhecido,
agora tornava-se Manifesto,
e a profusão de luz que foi liberado dela
foi chamado de Êxtase.
Neste momento de contemplação mutua,
o próprio Coração do Espelho se manifestou
em chamas, e seu corpo dourado assumiu
uma grande estatura,
até que abandonou sua habitação,
lançando-se no Abismo.
Ao contemplar este milagre, o Um,
tornou-se colérico e destruiu o Espelho,
lançando seus fragmentos,
cada um contendo uma parte
da Virtude Primal, através da eternidade.
Assim o Corpo do Espelho se dividiu,
bem como seu Espirito,
mas o Coração do Espelho,
continuou protegido pelo Abismo,
enquanto o Um continuou
a forja de seu domínio astral de restos.
De um lado da Espada há aqueles que exaltam o Um.
Do outro lado há aqueles que silenciosamente
coletam os cacos, e o trabalho deles consiste
em 'recriar' o Espelho, ou "o Mundo",
como era antes da divisão.
Ambos declaram ser "a Fé Verdadeira",
e assim abdicaram do comando da Arte Mágica.
Há um terceiro grupo,
obscuro e invisível aos olhos dos homens,
eles caminham na noite,
sobre o fio da lâmina da espada,
comandando o poder de divisão e união.
Os cacos do Espelho são por eles moídos,
até que se tornem milhões de corpos
formados pelo Espírito do Antigo Espelho.
Este poder é dado pelo Coração do Espelho,
de uma pequena fração de luz,
que pode iluminar e obscurecer.
Eles são conhecidos como 'as bruxas',
ou 'heréticos'.
Tradução Livre por Michael Nefer
Retirado do Dragon Book of Essex
de Andrew Chumbley