quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

O MITO DA CRIAÇÃO


No começo havia somente o Um, 

uma face singular e hedionda

que ousou se manifestar contra o Abismo 

e proclamou: 'EU SOU'.


Mas o Abismo - sendo a própria Monada -  

não desejava abrigar esta entidade,

porque, a despeito de sua aparência medonha, 

a qualidade de sua luz era restrita.

Como resultado da rejeição do Abismo pelo Um, 

seu reflexo ganhou vida,

e foi nomeado 'O Mundo'.


Este reflexo assumiu a forma de um grande Espelho,

e se tornou o oposto do Um, 

contendo todo tipo de maravilhas.

Refletindo a emancipação do comum,

ele gerou essas transgressões chamadas 

de 'beleza' e 'feiura'.

É dito que se alguém olhar neste Espelho, 

irá conhecer todas as coisas.


Entre os tesouros do Espelho de Todas as Coisas,

o maior de todos eles era o Espírito,

que, através da Luz e do Desejo, 

permeou a Totalidade.

Por estranhos meios o Espelho estava 

repleto de um fogo

capaz de animar todas as coisas,

e tudo o que ele continha, 

se tornava real.


O Abismo, ao colocar os olhos sobre o 

Espelho de Todas as Coisas,

 imediatamente se apaixonou pela 

infinitude de suas maravilhas, 

pois o que antes era Desconhecido, 

agora tornava-se Manifesto, 

e a profusão de luz que foi liberado dela 

foi chamado de Êxtase. 

Neste momento de contemplação mutua, 

o próprio Coração do Espelho se manifestou 

em chamas, e seu corpo dourado assumiu 

uma grande estatura, 

até que abandonou sua habitação, 

lançando-se no Abismo.


Ao contemplar este milagre, o Um, 

tornou-se colérico e destruiu o Espelho, 

lançando seus fragmentos, 

cada um contendo uma parte 

da Virtude Primal, através da eternidade. 

Assim o Corpo do Espelho se dividiu, 

bem como seu Espirito, 

mas o Coração do Espelho, 

continuou protegido pelo Abismo, 

enquanto o Um continuou

 a forja de seu domínio astral de restos.


De um lado da Espada há aqueles que exaltam o Um.

Do outro lado há aqueles que silenciosamente 

coletam os cacos, e o trabalho deles consiste 

em 'recriar' o Espelho, ou "o Mundo", 

como era antes da divisão.


Ambos declaram ser "a Fé Verdadeira", 

e assim abdicaram do comando da Arte Mágica.


Há um terceiro grupo, 

obscuro e invisível aos olhos dos homens, 

eles caminham na noite, 

sobre o fio da lâmina da espada, 

comandando o poder de divisão e união.


Os cacos do Espelho são por eles moídos, 

até que se tornem milhões de corpos

formados pelo Espírito do Antigo Espelho. 

Este poder é dado pelo Coração do Espelho,

de uma pequena fração de luz, 

que pode iluminar e obscurecer.

Eles são conhecidos como 'as bruxas', 

ou 'heréticos'.


 Tradução Livre por Michael Nefer
Retirado do Dragon Book of Essex
de Andrew Chumbley